29.3.11

Tens manhãs nos olhos e eu sou filha das armas sanguinárias , não somos compatíveis mas esta ideia
 aguça ainda mais a minha vontade de me atirar de cabeça .
 Como um bafo frio, gelado, pousando nas tuas faces rosadas,como um corte radical, sanguinário que te arrepia a alma. E dois olhos, perdidos, abandonados, terríveis. Danças.Danças com a Natureza numa coreografia desesperada, quase arrancada de um pedaço diluído de morte. Uma coreografia tão ardente , sufocada pelo calor e suor de mãos salgadas . Lanças-te ao mar e corres nas areias divinas que agora te envolvem o tronco febril extraordinário , banhando verdes visuais com lágrimas pouco piedosas, doces e negras. Como uma despedida forçada e custosa que arranca almas , almas belas .
Parece que acabou... Acabou tudo. E eu, eu só observo. Não sinto. Ou se calhar sinto de tudo. Sinto-me neutra a qualquer vento. Congelada de medo. Meia mastigada pelo frio e consumida pela chama tua que agora me falta. Ainda me resta o teu cheiro nas roupas, e no espírito. Foi o ultimo suspiro do nosso ''nós''.
nunca me faças dizer adeus . NUNCA

22.3.11

Deixaste-me frente a frente ao rio. Ficamos os dois de olhos colados. Eu e o rio . Rio de lágrimas, ou quase. Foste embora exibindo essas costas temerosas, robustas. Fiquei eu, sozinha pela primeira vez. Medonha e negra. Como ? Também não sei, mas fiquei com lastimas e descuido no coração,só. Estranhíssima fiquei eu! Quase destruída -um quase medonho-...E tu, tu foste outra vez da minha alma. Numa só tarde arrepiada foste mais de mil vezes. E eu sozinha. Desapareceste como vieste. Sem deixar dedadas de presença e eu ali, sozinha. Sentimentos desmedidos, abstractos, inomeados ocupavam-me, e não só o físico.  Mas tu, tu pisas morte, sei melhor que qualquer temeridade indomada que estás a morrer, estás perdido nos descalabros dos corações, essa típica tristeza dos apaixonados...Estás carregado de mar salgado no verde acastanhado nos olhos, bem pior que eu. Sei-o tão bem! Ninguém te o direito de me deixar frente a águas tão duras. Vou-te cortar os poros um a um com o perfume que te afoga. O meu nome ainda te nada nos leitos morenos e suados, atrevido. Os teus lábios, separados de ti, ainda contém uma reserva da minha saliva que espreita de vez em quando e que te faz sentir o calor dos meus beijos, em sonhos. Não te vou largar

21.3.11

 Apetece-me um beijo. Aquela emoção só nossa. Aquela música e aquele frio desgraçado. Aqueles olhos desgastados e essa saliva meia turista, meia perdida. Apetece-me sonhar com aquele enlace de olhares, aquele contacto tão febril de prazer. Estou a desejar o teu corpo com todos os meus poros. Estou a suplicar uma surpresa, uma espera tua. Estou a ansiar um toque, aquele toque suave que só tu sabes revolucionar. Revolucionar-me na alma, no corpo, na palpitação. Estou a gritar com quanto tenho as tuas mãos a envolverem-me a cintura e esses perfumes sem nome a correrem-me a pele. Isso, quero desgastar a minha pele na tua até o próprio conceito não fazer sentido. Quero morrer sem fôlego, com falta de ar. Quero morrer com devaneios a matarem-me a garganta. Estou a exigir um contacto quente e não-platónico. Estou a arrancar-me as palavras que não queriam sair, estou a trair-me, sim. Estou a cair aos teus pés, mas não te acomodes que não vai durar muito. Dura até desvanecer, até me chegares perto, até me sufocares com esse cheiro. Esse cheiro que me decapita o espírito crítico. Mata-o com uma pinta desgraçada. Mas só ao sentido crítico, a minha razão ao opinar-te o senso, porque de resto vais precisar de muito suor e sangue. Vida. Vidas humanas até. Muitas porque uma a mim não me chega. Em certas perspectivas sou como o amor. Nada me contenta, não é? Acho que já percebes-te que sim. Preciso de vidas humanas, sangue e suor. Assim como ele. Temos semelhanças...
Vou apanhar frio. Necessito de beber oxigénio. Mas não por ser oxigénio, mas sim por ter presente que tu também o inspiras. Talvez nem seja o mesmo. Mas desta vez chega-me a ideia vaga de oxigénio. Pelo menos no casamento das letras, ser igual ao teu. Mas só agora. Acho que estou a entrar em obsessão. Ou provavelmente numa pseudo-obsessão. Mas estou bem assim, muito bem até. Contigo. Sim, eu tenho-te. Ditaste-te a sentença no momento em que levantaste a cabeça e me olhaste nos olhos. Possui-te a alma. Pertences-me. E é mútuo. Também me arrancaste metades. Metades de pensamentos, de achares. Por isso mesmo é que te achei a tal piada. Fizeste o que nunca ninguém fez. Tiras-me de mim. Ou já me tiraste por completo. E olha, sabes que mais? Não quero saber! Adoro estar assim perdida por aí. Á espera de um encontro certo, ou não. Adoro ter a noção que me preenches em parte, ou não. Adoro estar perdida em ti ! ADORO !

7.3.11

Saltas-te amores. Andas-te ás provas até agora. Provas como as que fazem aos vinhos. Brincas-te amores alheios e almas perdidas, fracas. Agora saboreias o mais que podes desses amores passados, corroídos por ti. E andavas assim, a trincar amores. Andavas, sim. Saltas-te o mais que pudeste por esses montes efémeros de felicidade, de prazer. Ilusões efémeras , sim! Trincas-te o máximo que sabias até que quase te partiram os dentes. Sou eu. Um amor frio, semelhante a pedras do chão, duras. Fiz-te cessar e agora és tu o mastigado por outro amor. Sou eu que te roo e trinco o corpo. Coração sujo. Agora és refém. Oque te possui é cruel, impiedoso. Diz-te o que não queres ouvir e a única coisa que te oferece, ao contrário do resto é um suave paladar de impossível. Desafia-te! É por isso que agora abrandas-te. Caíste de amores por mim, lamento..
-Entras em êxtase enquanto me vicias os lábios, não é? Sentes prazer em fazer-me cair aos teus pés e tentas de tudo para eu to dizer. Vezes sem conta. Só para repetir, repetir que me tens em ti, como se não chegassem as minhas certezas. Esse teu egoísmo dá cabo de mim, deixa-me despedaçado e quem me dera que não soubesses disso. Só te interessa uma imagem -a tua. Estás tão a leste para os outros. Só tu própria te compreendes, não é? Quando passas com esse ar de superior juro que só me apetece desaparecer por me sentir tão pequeno. O teu perfume corta-me a respiração e tu sabes tão bem disso que nem eu próprio consigo calcular o tamanho das tuas temeridades. Estou tão perdido na tua alma, nesse precipício."Tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas"..  Pois bem, suspeito que não tenhas a noção do que tens em mãos. Sou eu. E não é só por agora. Deixas-me na reserva das ultimas forças. Eu confesso, sempre que me apareces, o medo limpa-me as lágrimas de saudade. Abres-me o apetite de loucura. És selvagem. Controlas-me tão seguramente. Assustas-me. Possuis-me o nome de um jeito tão frio, tão teu. Estou a morrer...
-Eu sei bem que o meu perfume te deixa louco, sei-o tão bem !