7.2.13

-Tenho medo que nos acabem os abraços de coração, os abraços que nos aquecem quando a paz nos falta-disse-lhe ela. Ele sorriu e segurou-lhe a alma com cuidado para não se despedaçar em cheiros, aqueles cheiros que lembram mar agitado e rochas altas cheias de névoas.
-Não tenhas medo que a cor se desvaneça no tempo que possuímos a meias, o mar, o mar vai estar sempre aqui para te segurar o verde clarinho do tremer dos dedos. Toca-lhe no coração. Aperta-o e diz-lhe ao ouvido que vais continuar a sonhá-lo. Mesmo quando se esquecer que o teu sorriso baralha as palavras do céu e lhes rouba o incenso. Porque mesmo que os abraços te faltem vais tê-los sempre guardados numa gavetinha escondida. Pede-os ao Sol. Não te esqueças que tens a música dos sonhos, sempre.
-Não te esqueças que tens a medida do coração ajustada, lembra-te do por do sol de inverno que esperamos juntos e agora não vemos, lembra-te que o pedacinho de coração que guardas debaixo da almofada só volta a ser da minha cor se tu não te esqueceres que guardo a noite dentro dos olhos. Guarda um espacinho pra mim no branco das tuas fantasias, dá-me boleia ou ensina-me a guiar-te.