Senti-te o cheiro a chegar-me perto, desci e abri a porta da minha ruína, segui caminho rumo ao jardim onde me tornaste rainha. Acendi um cigarro e nem me lembro de tocar com os pés no chão, devo ter entrado numa espécie de trance qualquer devido ao teu perfume. Tornou-se nostálgico e enjoativo, de tão lembrado e relembrado cá dentro, no quentinho do meu peito. Cheguei e sorri, esperei um beijo, fiz figas para o tempo voltar atrás e ser coroada rainha outra vez, como da primeira, com um leque de corações enfeitados de flores oleosas e mastigadas pelos jardins, cenário de sonhos da minha alma. Esperava-me um escuro de olhos que quase me congelou de medo, tinhas em ti o negro de todas as cores. Não me lembro de voltar a sonhar. Já acabou, anjinho? Aperta-me como se morresse esta noite, por ti.. Beija-me o pulso e diz-me que te leve comigo, para a eternidade, a ti e a todas as palavras raras e bonitas que deixaste escapar. Diz-me para ser feliz, bem no fundo do infinito da minha morte. Diz nunca. Não deixes que vá sem coração, diz-me que adormeces comigo, pede ao teu coração para ser, uma vez, bonzinho e descolar do meu com calma. Lembra-te sempre do mar, testemunha de nós, tenro e suave. Se não te lembrares de mim, lembra-te do mar, ele levar-me-á de volta a ti. Mas lembra-te do mar, sempre.
Peregrina: da vida, das emoções (“emovere” - o que nos "move") que são a vela do leme da temperança - nossa firme vontade, fiel da balança - no compromisso de rumar ao centro da esfera que habitamos... através da qual nos entre-trocamos… que é residência virtual do ser consciente que é através deste "mim" afinal:
ResponderEliminaruma nota de atenção.
Neste universo para-virtual: recriado à imagem do grande outro no que pairamos na ilusão do tempo e do espaço que pintamos na tela do ser-coração e que define o verdadeiro traço como caminho e devoção - existem muitos "seres criança" que - como tu e eu - se inspiram e divertem fazendo frases de palavras soltas, trocando cores de sentir em palavras moucas que podem dar azo a atenções dispersadas por estarem noutras ondas ou estradas que não aquela dos peregrinos conscientes do seu vagar - sereno, lento e consciente: com todo o ser que a sua alma alimente - em direcção a esse centro ansiado, esse lugar mágico em devoção velado: o trono escondido onde habita o mais alto de nós...
Traduzindo por miudinhos conceitos as amplas ondas dos poéticos jeitos - tem cuidado ao te expor - a rede é sempre lugar de "pesca" - e não sabemos qual o pescador, qual o seu primor, qual a sua dor e qual a cor do seu ser para além da face rosada, divina, aperaltada - que se nos apresenta no brilho de uma lua sem face obscura ou esburacada a conhecer.
Assim - como já te "conheço" - senti a tua presença num determinado tempo e espaço e o doce abraço do teu sorriso aconchegado - peço, não te exponhas como seguidora das linhas que escrevo - são vinte e tal mil os olhares que me olham em segredo - não deixes que todos os que passam te vejam - rebento de flor nesta vida de seres que comungam da graça e primor de crerem na verdade, no que une, na virtude e num caminho recto para os cultivar neste "amiúde" que é estar com os nossos passos dentro - caminhando sedentos, desse nosso "eterno lar" e - ainda por vezes - escorregar... distraídos, no mundo dos humanos ruídos, perdendo por momentos a melodia sagrada da nossa casa amada - e, no intento - regressando ao centro e voltando a começar:
avançar...
Assim:
ResponderEliminarHá irmãos de caminho, que escolhem o estreito destino - de caminhar na dor... os que procuram o ruído na sua revolta pensando ser esse o caminho melhor... os que ainda estão dormentes perante a sua verdadeira força ou vontade... e se deixam iludir no mundo do espelhismo cansado de uma vida sem rumo ou fado maior do que servir os instintos: esse caminho que descende aos abismos e a todos aqueles que com eles são arrastados...
Tu - ser humano - que sorris com a luz do olhar iluminado - pela vida que em ti late: que ecoa a nossa vida viva - eterna – voz materna… paterna – nos embalando em todo o lado... tu caminha pelo caminho sagrado:
Esse - desde sempre percorrido pelos antergos, por nós: os despertos, guardado; e vai - para o teu ninho verde... a confluência das águas da vida... o lugar onde pura - a tua luz irradia... o lugar de onde emanam teus verdadeiros sonhos - muito mais altos e subtis que os terrenais anseios e seus medos medonhos...
Tua alma viva disfarçada de ave garrida pairando sobre os seus estéreis desertos - areias acumuladas entre dias e horas vagas - sem maior ventura que acumular contas de vidro num jogo no que todos perdem jogando a sós com todo e qualquer um que passa nesse seu chão de devassa;
Tu - recorda tua juvenal virtude! - acende vivo esse teu lume - facho de verdade na noite escura dos tempos que correm e - caminhando segura... sem pressa ou premura - vai olhando o mundo em ti plantado – o eco dessa vida para ti anunciado: e – se plantar puderes - planta sementes de verdade; para mais tarde recolheres - quando regressares;
Desse teu primeiro salto no oceano do amor, da vida e do primor… e nelas te sacies - da felicidade veraz - ao sentir o sereno contento, o cálido alento do abraço antergo do teu sólido rapaz: da mão doada, comprometida e solidamente afiançada pelo reconhecimento – além do sentimento – do sentido de a dois caminhar:
Seja esse o momento, o ser e entendimento - que recolha a tua vida - como água divina entre as palmas das brancas e pulcras mãos - a ti... só a ti - estendidas...
Saúdo peregrino - nesta estrada de Santiago - via láctea para a eternidade;
Até já