3.1.12

Tenho tanto medo que me voltes a perder, anjinho. Hoje tens um rosto diferente, consegui mudar-te de perfume e o nome, és outro anjinho mas continuas a ser mau. E vou continuar a chamar-te anjo-mau. Tão pouco tempo, é estranho, nem é de mim, tão rápido. Não deu tempo pra encontrar defeitos, acredito que seja essa a principal razão de eu já gostar tanto do teu cheirinho matinal. Pouco tempo. Mas fico tão nas nuvens quando leio o teu nome. Mas também custa tanto não cederes. E tu és lindo, és mesmo! Estou a boiar num mar de certezas e cores borradas por nós em vez de nadarmos de mão dada, estou um bocado a toa por não conseguir encontrar os buracos feios e escuros que eu gosto tanto de escrever. Não sei porque é que tenho medo, não sei porque é que o meu buraquinho no peito ainda não fechou, não compreendo porque é que não é o teu nome que se escreve no céu dos meus olhos quando acordo, não entendo porque é que não és tu o brilhozinho no verde molhado do meu ritmo cardíaco. Escolhi o anjinho errado ? Não és mau ? Ou não és anjo ? Enganei-me no volume espesso do teu corpo ? Confundi-te com um aglomerado de nuvens ? Não há mesmo a ponte entre nós pois não ? Acho que ainda não me encontrei, desde a ultima vez que me mataste. Acho que é por isso que me enganei desta vez no anjinho, a minha capacidade de escolha ficou contigo. Devolve-me, por favor*

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