Estavas tu e o verde dos teus olhos no meu mundo, sentados numa espécie de nuvem sólida construída pela minha alma minuciosamente. Pareces sempre intocável. Levantaste-te e vieste dar-me um beijo, desapareceste durante dias. Estávamos numa espécie de céu, parecia tudo tão nosso.Voltaste. Estava eu e tu, um paraíso e muito cheiro a natureza. Havia humidade no ar e um riacho que rasgava o chão gelado. Havia árvores e pedras tão frias. Pedras cobertas de musgo verde e cheirava a Inverno. Tu estavas distante, estavas como sempre longe, tão longe. Eu estava a adorar estar sentada numa pedra gelada com os pés dentro de água. Eu estava quase a congelar e tu sabias. Estava tanto frio. E tu passeavas a alma em frente à minha, desfilavas exibindo um sorriso já gasto como se ganhasses uma vida ao fazê-lo. Cada vez me sopravas mais frio e o meu corpo fugiu. Deixei de me sentir e tu aproximaste-te devagarinho, para dar tempo de gravar a tua dança com todos os pormenores. A cada passo teu me sentia mais, sentia-me controlada, pela primeira vez. Estavas tão perto. Cegaste-te pertinho do meu peito e mal me tocaste o meu corpo acendeu. Senti o meu coração sair fora do peito, senti a tua respiração nos lábios e tentei inspirar o máximo de cheiro ao amor-ainda o guardo, mas escondido para não mo voltarem a arrancar da alma-. Estava escuro, entrei numa espécie de trance, sentia-me a cair mas abri os olhos muito rápido. Estavas tu a centímetros do beijo. Sentia o meu coração quase a trincar o teu, outra vez. Fechei os olhos, de lábios rasgados, com o teu sorriso favorito, esperei. Senti-me a gelar, fugiste-me. Deixaste-me outra vez em frente ao nosso rio, de beijo por dar. Fugiste-me para a outra margem mas eu tinha tanto frio. Voltaste ao ritual como nada se tivesse passado e voltaste a expirar-me esse perfume a vida. Sentia-me a congelar outra vez. Voltaste e nessa tarde morri umas mil vezes. Anoiteceu e tu continuavas. Numa dessas viagens deixaste cair o coração no meu peito. Agarrei-o com força e o teu físico evaporou, ficou o perfume e a tua voz. Ainda a sinto, ás vezes, a descrever segundo a segundo as noites, as noites que foram nossas. Essas ninguém nos tira, anjo-mau. Sinto-a a rir alto como fazíamos só os dois e de vez em quando aparecem os teus olhos, tão diferentes. Os teus olhos, fora de ti, mostram-me as tardes de verão, só nossas. À noite ainda me aqueces de vez em quando, no intervalo congelo, tenho sempre muito frio, anjinho. Não deixes, não demores muito porque o fogo pode trair-te, corre outra vez, até já
lindissimo, escreves tão bem *.* Sigo.
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