O frio já tinha voltado . Já não te sentia perto á tantas eternidades. O verde dos meus olhos já não gritavam o verde dos teus. A alma já não me fugia á noite para dançar com a tua. Já passava pelo nosso rio sem congelar. Ja conseguia olhar para as flores que me deste-ainda continuam bonitas-. Já não sentia o teu pulsar no meio do silencio. Quase nem me lembrava do bem que tu me fazias, não me lembrava das manhãs cheirosas e das noites quase eternas que passamos bem junto do peito um do outro. Quase nem sentia o cheiro do teu pescoço quando ouvia a nossa musica. E tu apareceste-me num sonho bizarro. É sempre em sonhos que a minha alma abusa, é como uma espécie de vingança por nao te sentir perto. Vinga-se em sonhos, tão insólitos. Vinhas, como sempre, a olhar o chão como se mudasse a cada passo teu. Suave, fraco, leve, incolor. Levantavas a cabeça como se o tempo fosse teu, o tempo era teu, no meu sonho. Quando encontraste uma postura não vi um rosto, vi só beleza, tão admirável, tão airoso e tão ameno, tão bem acabado. Brilhavas tanto no meu sonho, anjo-mau. Os teus olhos mergulharam nos meus como facas e senti o golpe no peito, quase estremeci mas aguentei-me parada, a ler-te. Em segundos voltaste a fugir. Foges tantas vezes, anjinho. Levaste-me o sangue ? Só o sinto quando voas pertinho. Voltaste a destruir-me os sonhos. Voltaste a arrancar-me a tua nuvem brilhante feita de perfume. Volta rápido, meu amor *
Sem comentários:
Enviar um comentário