11.1.11

isso

Cansas as palavras. Desgastas e arrancas-lhes o sentido. Cruel. Ninguém pode fazer isso. Nem mesmo tu. É. Tenho que ser fria. Repetes-te e salvas o teu sentido. Só teu. Dás-lhes nova vida. Renascem, em ti. A teu ver . Mas não pode ser. Cuidas e reconfortas como se fossem tuas, bem junto desse gélido músculo que palpita. Pulsa por mim. Sei-te melhor que tu, sei-te de mais. Inveja. Tenho tanta inveja delas. Por te dares a elas. Delas não tens tu medo. Encantam-te. Ardem em ti como febre. Tal como eu. E invejo-as por isso. Por terem a mesma presença em ti. O mesmo valor que eu. Não tolero. Não posso. Arrisco-me a perder-te nelas. Quero que te percas em mim. Sim, tenho ciumes das palavras. Não das palavras. Da relevância que lhes dás. Do pedaço de ti que pões nelas. Isso. A lasca de ti que te distorcem. O fragmento teu que te arrancam. Angustia-me mais que tudo. Não te ter por inteiro. Intacto. Quero-te não na maioria e muito menos em parte. Quero-te no total. Entrega-te todo ou desaparece -

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